O que esperar de um lugar que guarda as memórias de períodos
tão tensos e repressivos da nossa história?
Com esta dúvida e nessa expectativa fomos em busca de
respostas no antigo prédio onde se localizava o espaço prisional do DEOPS
(Departamento Estadual de Ordem Politica e Social), na região central de São
Paulo.
Hoje o prédio abriga o Memorial da Resistência e nos traz lembranças
de diversos momentos, especialmente repressivos, do nosso passado, em destaque
a época da Ditadura Militar (de 1964 a 1985). E este histórico de terror
podemos compreender melhor observando uma triste linha do tempo que se estende
ao longo de uma das paredes da exposição.
Andar pelos espaços do Memorial é penetrar em um ambiente
carregado de tensões e sentimentos e, ao mesmo tempo, rico em conhecimentos e
novas informações sobre a nossa história.
A arquitetura, a estrutura física, as celas, os corredores do
prédio ou o minúsculo local destinado ao banho de sol, onde só é possível ver o
azul do céu entre as ferrugens das grades, é desesperador. Por todos os lados
podemos sentir o horror vivido por pessoas que ousavam lutar por liberdade e
que, contraditoriamente, ali ficavam trancafiadas.
Símbolo resistência, repressão, controle, coragem, não dá pra
dar um único passo neste lugar sem sermos lembrados das pessoas que ficaram
presas durante anos, que foram torturadas e algumas até mortas. As escrituras
conservadas nas paredes das celas retratam algumas história de vida e a agonia de
quem passou por ali. Nomes e frases que chamam a atenção de forma tão
impactante no visitante que dificulta controlar as emoções.
Entre tantas informações, destacamos um local do Memorial que
merece atenção especial. Trata-se da última cela do corredor de exposição. Nela
é possível ouvir depoimentos de pessoas que foram presas e sofreram com as
torturas e as condições do lugar, pessoas que contam como era a sobrevivência,
como voltavam das sessões de torturas, como era passar as datas comemorativas
num lugar como aquele. E se, até aquele momento, alguns conseguiam conter suas
emoções, ouvir esses depoimentos, fez tudo explodir dentro de nós. Um turbilhão
de sentimentos, tristeza, angústia, revolta. Nós, particularmente, não
conseguimos controlar as lágrimas ao saber do sofrimento daquelas pessoas que
lutavam por democracia e liberdade.
Tivemos o privilégio de ir visitar o Memorial da Resistência
no dia em que começava uma exposição magnífica chamada “Ausências”.
São fotos que relatam o desaparecimento de pessoas durante a
ditadura militar, fazendo o paralelo entre o antes e o depois da ditadura. A
destruição de vidas e o que as “ausências” causaram. São fotos com uma sensibilidade sem
igual.
O Memorial da Resistência nos marcou de tal forma que, por
mais que estejamos nos esforçando ao máximo, não é possível por em palavras
tudo o que sentimos.
Lugar dedicado à preservação das
memorias da resistência e da repressão, o Memorial fica localizado, Largo General
Osório, 66, bem no Centro da cidade de São Paulo.
Funciona de terça-feira a
domingo, das 10h às 18h com entrada gratuita.
Telefone e e-mail para contato: 55 11 3335-4990 faleconosco@memorialdaresistenciasp.org.br
A exposição “Ausências” estará funcionando até dia 12 de
julho de 2015. De Terça-feira a domingo, das 10h às 17h30 com permanência até
às 18h, com entrada gratuita também.
Com
toda a certeza vale a pena fazer uma visita ao Memorial da Resistência!
“Lembrar
é Resistir”
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